quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Laranja


CRAC!!!!!!! Havia conseguido quebrar o trinco da porta da casa do padre, resolvera fazer isso como uma atitude desesperada do espectro que se tornara.
- Se tivesse matado o cavalo, pelo menos teria força para esperar e teria uma aparência menos fantasmagórica, A porta de um bom carvalho abrirá lentamente produzindo um rangido pela falta de óleo de baleia nas suas dobradiças ,o crime já estava feito, não poderia dormir, pois poderia não mais acordar. A ideia era pegar o que pudesse para comer e sair comeria e esperaria o padre na floresta. A casa, se e que podia ser definida assim era de certo modo bem arrumada, havia estantes com alguns livros , uma pequena mesa com uma lampião no centro  e ao redor dela TRÊS CADEIRAS. A cozinha também estava no mesmo cômodo, havia um fogão a lenha que estava com algumas panelas em cima. Achara ali sua mina de ouro, ao a se aproximar acabou derrubando uma das cadeiras, a decepção o tomou quando ao abrir duas panelas e não encontrara nada, já começará a cogitar a hipótese de comer um dedo da mão se não tivesse nada na ultima e maior panela do fogão, tirou a tampa e o que viu fez seus olhos e sua boca encherem de água, um delicioso guisado era o que aquela ultima e misteriosa panela guardava em suas entranhas. Agora não existia Lorde, nem guerreiro, apenas uma criança morta de fome. As mãos foram sua colher se a panela fosse um pouco maior teria mergulhado nela,  os primeiros goles e mastigadas quase não fora percebido, mas com a sua fome sendo saciada a consciência voltava. Os últimos restos do guisado foram consumidos por pura gula, mas de maneira mais civilizada.  Levantou a cadeira que havia derrubado e se sentou. - A vida era boa, pensara consigo. Comera com nunca nos últimos anos, iria recompensar as perdas do padre, mas precisava sair da casa antes, conversaria com ele e lhe explicaria a situação. Após uma preguiçosa espreguiçada começou a levantar, escutou um barulho junto com um movimento involuntário de sua cabeça, tentou se virar, mas era tarde de mais, fora atingido na testa, sua mente ficou turva, - Então seria assim que o grande Rodric morreria, a pauladas como um cachorro vira-lata, pegou-se pensando. Seu joelho atingira o chão primeiro e se preparou para receber o golpe de misericórdia, mas este não veio, involuntariamente tombou para frente. Ao tentar abrir os olhos deparou-se com um par de sapatos laranja.- Quem em nome do Pai usaria sapatos tão ridículos? Disse. E tudo se apagou.

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